Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

26 dezembro, 2005

Feliz Natal e a Laicicidade do Estado Português

À semelhança do ano transacto trabalhei tanto a véspera como o dia de natal. Como é de esperar, uma vez que faz parte do acordo com o patronato trabalhar todos os feriados. Não me incomoda. No natal, contudo, o espirito dos clientes é diferente dos outros feriados. Primeiro o espanto e o alivio. Afinal onde trabalho é o único estabelecimento num raio de 10 km onde neste dia se pode abastecer o veículo de combustivel, tomar uma refeição ligeira, beber um café ou comprar um jornal das 07 h à meia noite. É assim a sociedade estratificada. O bem estar das classes superiores é atingido graças ao labor e sacrificio das inferiores. Depois abordam-me com uma excessiva dose de piedade, como se fosse um pobre coitado. Está certo que apregoam a época natalicia como época de compaixão mas guardem-na para quem precisa dela. Ou então se sentem algum mal estar pelo sua comodidade interferir com a minha não frequentem os estabelecimentos abertos aos feriados. Se não houver clientes nestes dias o comércio permanecerá fechado por certo.
Para mim o natal não tem nenhum significado especial. A escolher um feriado que no meu entender faça sentido celebrar o dia 25 de Dezembro ocuparia, por certo, um dos últimos lugares da lista.
Para quem não tenha reparado metade dos feriados nacionais da república portuguesa são feriados religiosos. Ou seja, metade dos dias que a economia de um estado, que se quer laico, pára deve-se à influência católica. Os católicos têm possibilidade de participar nas sete mais importantes datas do seu calendário religioso sem se preocuparem com o absentismo ao trabalho. Este facto não põe em causa a liberdade religiosa de ninguém mas representa um grande fosso entre os direitos dos individuos que professam a religião maioritária e os demais. Pode ser distracção minha mas nunca ouvi nenhuma voz representante dos portugueses insurgir-se contra esta afronta à laicicidade do estado. É muito menos impopular discutir se um prego de uma das quatro paredes brancas de uma qualquer escola pública numa das aldeias do país deverá ostentar um crucifixo ou um chouriço. A questão é a mesma mas retirar os simbolos religiosos não é suficiente para separar o estado da igreja. Só rompendo com a igreja onde de facto há cumplicidade com a sociedade viveremos de facto livres da sua influência. Imaginem que os 7 feriados religiosos eram transformados em dias de férias. Que percentagem de trabalhadores pensam vocês que os gozariam na pascoa, corpo de deus, assunção, etc.? Uma minoria certamente. O que perderia a economia com isso? Absolutamente nada, bem pelo contrário. O que justifica então que um estado laico celebre 7 datas religiosas como feriados nacionais? Talvez se deva perguntar como num país no qual metade dos feriados nacionais são religiosos se pretende que haja essa tal independência da igreja.

23 dezembro, 2005

Tudo é bom quando é excessivo

Quem o dizia era Doantien Alphonse François la para os finais do século XVIII principios de XIX. Por isso em vespera de festividades (independentemente do seu teor) aproveitem, se não o fazem diariamente, para se excederem um pouco.

Fica aqui uma sugestão para o fim de semana

SWEET MARTINI

2 cl de Gin
4 cl de Vermute Tinto
Preparar no copo misturador com gelo
Copo Short Drink
Decorar com Azeitona no Palito ou Cereja.

Bom Fim de Semana

22 dezembro, 2005

Achava-me infeliz porque não tinha um braço ate que conheci um homem que nao tinha pernas

Hoje estava no trabalho pensativo com os problemas que me apoquentam quando entrou um colega meu de escola. Abraço da praxe, familia, emprego e restante conversa de circunstancia. Assim em pouco tempo contou-me como nos ultimos seis meses desistiu de estudar, perdeu o emprego, terminou o namoro, bateu com o carro novo. Pensei logo que ao pe dele e da sua vida desgraçada eu era um felizardo. Mas reflectindo a frio... Eu invejo-o. Invejo a oportunidade que ele tem de recomeçar tudo de novo. Passar a esponja no passado e seguir em frente. É uma oportunidade que gostava de ter. Tentei nos ultimos tempos romper com o passado e reformular a minha vida mas nao é facil. As coisas demoram tempo e erguem-se barreiras no caminho. Há vicios que não se largam, fazem-se escolhas comodistas porque a escolha acertada seria arrojada demais, vivem-se as frustrações de uma forma moderada porque arriscar vivê-las sem receio poderia levar ao sofrimento. Sim invejo-o, por um lado nao se pode dar ao luxo de fazer escolhas. Não pode continuar a estudar porque precisa de pagar o arranjo do carro, tem de aceitar o primeiro emprego que lhe oferecerem, e terá talvez de aceitar ficar durante muito tempo solteiro. Mas vai reconstruir a sua vida dos alicerces ao telhado, tijolo a tijolo, telha por telha e no fim podera escolher a cor com que a vai pintar. Eu, porem, desde que decidi reformular a minha vida que ando em reparações, da alvenaria às canalizações, do res de chao ao sotao, mas sempre que conserto uma porta ha um vidro de uma janela que se parte. Não é bonito dizê-lo, porque a inveja é um sentimento feio, mas invejo-o. Invejo-o mas desejo-lhe toda a sorte do mundo. É boa gente e é um homem puro.

21 dezembro, 2005

Primeira Pedra em forma de post

Este é o primeiro post daquele que será a partir de hoje o meu blog. Como já ninguém tem muita pachorra para me ouvir nem eu paciência para discutir resolvi ir registando aqui os meus pensamentos diários. Vou tentar ser o mais assiduo possivel e fazer bastante divulgação do blog sem que isso seja condição essencial a sua existencia. Ainda que ninguem o leia não invalida o seu proposito nem ameaça a sua existência.
Então saltando os discursos e demais protocolo está inaugurado o novo Blog.