Hoje estava no trabalho pensativo com os problemas que me apoquentam quando entrou um colega meu de escola. Abraço da praxe, familia, emprego e restante conversa de circunstancia. Assim em pouco tempo contou-me como nos ultimos seis meses desistiu de estudar, perdeu o emprego, terminou o namoro, bateu com o carro novo. Pensei logo que ao pe dele e da sua vida desgraçada eu era um felizardo. Mas reflectindo a frio... Eu invejo-o. Invejo a oportunidade que ele tem de recomeçar tudo de novo. Passar a esponja no passado e seguir em frente. É uma oportunidade que gostava de ter. Tentei nos ultimos tempos romper com o passado e reformular a minha vida mas nao é facil. As coisas demoram tempo e erguem-se barreiras no caminho. Há vicios que não se largam, fazem-se escolhas comodistas porque a escolha acertada seria arrojada demais, vivem-se as frustrações de uma forma moderada porque arriscar vivê-las sem receio poderia levar ao sofrimento. Sim invejo-o, por um lado nao se pode dar ao luxo de fazer escolhas. Não pode continuar a estudar porque precisa de pagar o arranjo do carro, tem de aceitar o primeiro emprego que lhe oferecerem, e terá talvez de aceitar ficar durante muito tempo solteiro. Mas vai reconstruir a sua vida dos alicerces ao telhado, tijolo a tijolo, telha por telha e no fim podera escolher a cor com que a vai pintar. Eu, porem, desde que decidi reformular a minha vida que ando em reparações, da alvenaria às canalizações, do res de chao ao sotao, mas sempre que conserto uma porta ha um vidro de uma janela que se parte. Não é bonito dizê-lo, porque a inveja é um sentimento feio, mas invejo-o. Invejo-o mas desejo-lhe toda a sorte do mundo. É boa gente e é um homem puro.
Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.
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3 comentários:
A realidade é fodida...
Nada mais humano do que a inveja...
Tenho uma colega q tb é fodida....:-)
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