Eram os dois caloiros da mesma faculdade quando se conheceram. Ele estava fascinado por ela desde o primeiro momento em que colocou os olhos nos belos cabelos. Faziam-lhe lembrar as searas das planicies que circundavam a cidade dançando ao sabor do vento. Ele era timido demais para meter conversa, apenas educamente a cumprimentava no principio das aulas, da mesma forma que se despedia quando estas terminavam. Sabia-se infeliz, e sabia que a sua timidez jamais o deixaria ser feliz. Como se odiava por ser tão inseguro. Quis colocar-se à prova e avançou para um desafio. Procurou o colega mais galã, mais charmoso e mais popular de todo o campus. Frente a ele elaborou a proposta. O primeiro a conquistar um beijo da donzela fica com o automóvel do outro. O galã nem queria acreditar no que lhe propunham. Ele conduzia um chaço e sempre pedia uma viatura emprestada quando saia com uma mulher. Estavam-lhe a oferecer uma berlina daquele ano se conseguisse conquistar a bela donzela. A sorte protege os audazes pensou ele.
Avançaram para a conquista e com facilidade a donzela de deixou enfeitiçar pelo charme do sedutor. Ele decidiu partir no dia em que viu a sua amada e o seu rival afastarem-se no seu carro. Mudou de faculdade.
Anos mais tarde decidiu aceder ao convite e voltar à faculdade para o reencontro anual. Assim que entrou viu de imediato o homem que menos queria. Ainda charmoso ele estava como um iman no centro da sala atraindo sobre si todos os olhares. Encheu o peito de ar e avançou sobre ele:
- Caramba, ha quanto tempo o que é feito?
- Não pode ser, tu aqui? Nem sonhas, lembras-te daquela aposta ridicula que fizemos? Olha pois, enamorei-me pela donzela e casamos assim que terminamos o curso. Já temos dois filhos.
Ele não podia acreditar. Estava imóvel quando a viu aproximar-se. Continuava linda, os anos e a maternidade não tinham alterado nada. Ele continuava apaixonado e timido demais para dizer o que quer que fosse. Desejou-lhes felicidades e foi-se embora, sem olhar para trás, sem vontade de voltar.
1 comentário:
ò Marco, deixa as drogas
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