Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

07 julho, 2006

A razão desconhece os designios do amor - Histórias de uma cidade

Devo a este blog um post sobre este tema. Decidi não o escrever. Não que goste de ficar em divida mas depois de atravessar um deserto de conforto financeiro aprendemos a viver com elas. De qualquer forma vou contar uma história que de algum modo ilustra uma parte daquilo que escreveria. Talvez outras histórias lhe sucedam
Ele conheceu-a. Eram colegas de trabalho. Começaram a criar uma grande amizade. Ele era um deus para ela. Perfeito no desempenho da função como ela queria ser, livre para fazer o que lhe dava na real gana como ela queria ser, extrovertido mas com classe, sedutor mas discreto, enfim, um cavalheiro encantador. Ela era uma tentação para ele. Perfeita nas formas, formosa no rosto, doce nas palavras, quente nas insinuações, divertida nas longas conversas. Em comum pouco mais tinham que o emprego e o facto de serem infelizes. Houve amizade, houve flirt, houve contacto, houve beijos... Chamavam-lhe amor. Amor impossivel de assumir publicamente porque ela ja tinha jurado fidelidade eterna a um homem. Ele pediu-lhe que se separasse. Quis ser feliz junto dela. Mas ela nunca acedeu. Jamais teria força para enfrentar as familias, os amigos, os vizinhos...Dizia ela. Assim foram vivendo o seu amor às escondidas quer fosse trocando delicadezas ao almoço ou fazendo sexo selvagem na casa de banho. Porque o destino nem sempre está aí para ajudar, ele acabou por ter de se afastar devido a uma saída forçada do emprego e uma mudança de residencia. Ainda se iam encontrando por vezes mas não era fácil para ela ter sempre uma desculpa para se ausentar de casa. Os encontros foram diminuindo até se tornarem raros. O relacionamento acabou por arrefecer e ambos seguiram a sua vida guardando apenas aquela aventura como recordação. Um dia, porém, soube ele que ela se tinha separado. Apesar da surpresa, a noticia reavivou a sua esperança de viver o seu amor livremente com ela. Pegou no carro e rumou à cidade. Ainda estava nos suburbios quando avistou o carro dela. Reconheceu-o de imediato estacionado numa rua deserta e sem saida. Aproximou-se. Quando chegou suficientemente perto apercebeu-se que não estava sozinha. Dois corpos trocavam um longo e apaixonado beijo. Reconheceu de imediato a figura masculina. Era um antigo colega de trabalho. Engrenou a marcha atrás, inverteu o sentido de marcha e acelerou de regresso a casa. Naquele dia o seu coração despedaçou-se de tal forma que nunca mais conseguiu voltar a amar. Como poderia ter sido tão enganado pela mulher que julgara amar?

5 comentários:

Alxarife disse...

Cara beatriz:

Quase que me fez reler todo o blog para tentar encontrar a corrente de que fala. Confesso que não a encontrei. Mas se a questão é o blog funcionar quase como o diário do sheriff então este elo faz parte dessa corrente. Beijo.

Over disse...

Man, de facto isto são historias que se passam todos os dias. Mas quando é que será que os homens vao admitir que sofrem mt mais de amor que as mulheres? Aquele complexo de "paneleirice" face ao amor tem de desaparecer, e este post reflecte que esse "mito" é só isso. Boa estória (ou historia?) e pode ser que algm aprenda alguma coisinha...

Trilby disse...

Sou mais velha do que tu e se me permites, provavelmente já vivi e vi viver mais histórias, vou por isso permitir-me um comentário. O facto de uma pessoa não deixar a vida que tem por outra e mais tarde vir a fazê-lo pode ter tantas razões diferentes do que a que parece óbvia - parece que gostava mais do 2º do que do 1º - que nem cabiam aqui na caixa de comentários. A vida muda, as pessoas cansam-se, o marido dela pode tê-la deixado ele. Pode ter acontecido tanta coisa! O amor é um sentimento complicado, muitas vezes confuso. Umas vezes julgamo-nos apaixonados e de repente passa, mas enquando durou parecia fortíssimo. Outras vezes começa apanhando-nos de surpresa, julgamos ter tudo controlado e de repente ficamos amarrados por muito tempo. Uma coisa eu posso garantir. Na maior parte dos casos as pessoas estão a ser sinceras, o amor é que é "traiçoeiro", vai e vem, abandona-nos e volta. E às vezes fica.

Alxarife disse...

Pois é, assumo que a história é contada da perspectiva dele. Infelizmente é impossivel ouvir a versão dela mas admito que teria bastante interesse. Beijos e abraços aos companheiros que perdem tempo a ler os desabafos do sheriff. Isto acabou por se tornar muito importante para mim.

Anónimo disse...

Entender a verdadeira versão dessa estória não é nada fácil! Mas concordo com trilby ao dizer q o amor é traiçoeiro.