Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

27 fevereiro, 2007

Espirito de Natal

Podia ter-vos contado isto em Dezembro, pois passou-se na véspera de Natal. Mas como se parece mais com uma história de Carnaval acho que agora, numa altura de jejum, é mais fácil digeri-la.
Estávamos então em vésperas de 25 de Dezembro e eu debatia-me com o tempo no intuito de fechar a tasca mais cedo. Não que eu festeje o natal, apenas participo.
Quando vi os quatro fulanos entrar pensei que ia haver confusão. Embora apenas um dos tipos, imigrante de leste, se manifestar, percebi que tinha pela frente daqueles bêbedos implicativos e provocadores. Era mesmo o que me faltava, pensei eu! Depois do fulano incomodar todos à sua passagem chegou à minha vez. A conversa começou logo um bocado azeda. Socorri-me de uma táctica típica do Leste. "Desculpa lá não percebo!" Enquanto o homem, bem constituído, procurava, entre o sotaque e a embriaguez, exprimir-se no melhor português possivel eu mantive a minha estratégia. "Não percebo." Venci-o pelo cansaço.
O grupo comprou 3 cervejas e um chá gelado e saíu. Suspirei de alivio e regressei aos meus afazeres, daí a pouco o galo cantaria na cabeça do padre.
O barulho da travagem interrompeu o silêncio. O som do impacto não deixava dúvida. Mais um acidente a engrossar as estatisticas da operação Natal Seguro. Já saí da tasca de telefone na mão.
Não me surpreendi quando vi o carro dos sujeitos de leste envolvido no aparato. Um senhor de bigode gritava malandros. Uma senhora bastante idosa desnorteada caminhava sem direcção. Outra senhora sangrava da face. Os gajos do leste permaneciam dentro do veículo.
Marquei o 112.
INEM - Emergência médica Boa noite!
Sheriff - Olhe eu estou aqui na EN8, Junto à tasca do sheriff, houve um acidente de viação, dois carros!
INEM - Quantos ocupantes? Há feridos?
Sheriff - São dois carros, 7 pessoas, vou certificar-me se há feridos.
Dirigi-me primeiro à viatura de onde já tinham saído os ocupantes;
Sheriff - Num veículo são só ferimentos Ligeiros.
Quando me dirigi à viatura dos imigrantes suspendi a marcha antes de me aproximar completamente. Em amena cavaqueira os tipos fumavam e bebiam, e lançavam olhar de gozo para mim e para os outros transeuntes que, entretanto, se tinham aproximado.
Sheriff - São só feridos ligeiros. - informei eu o INEM acabando por confirmar mais uma vez o local do acidente e deixando uma forma de ser contactado.
Ainda me demorei por ali até chegar a equipa dos bombeiros. Vi chegar duas ambulâncias e regressei aos meus afazeres com a sensação de dever cumprido. Estava no interior da tasca ainda ouvi as sirenes de um terceiro veículo. Que exagero pensei eu! Já pouco faltava para terminar as tarefas e como a colisão dos dois veículos me tinha roubado os clientes por completo decidi fechar a porta. Quando comecei a ouvir o som de ferro a ser cortado precipitei-me na direcção do acidente. Os bombeiros procediam ao desencarceramento do motorista. Fiquei estupefacto! Como é que os gajos que o acompanhavam foram capazem de nem esboçar uma reacção para que o amigo fosse socorrido. Como é que numa situação de aflição continuaram com uma postura de provocação em vez de procurarem por auxilio. Como é que criaram um cenário que me induziu em erro e, porventura, terá retardado os trabalhos de desencarceramento. Ele há coisas que a embriaguez não explica.

26 fevereiro, 2007

Chez Moi

Já para lá de dois anos que começo a semana já cansado. É o preço que se tem de pagar quando nos acomodamos a um lifestyle tolerante para com o capitalismo. É o preço que se tem de pagar para fingir que temos algum poder de compra. É o preço que se tem de pagar para ter as contas todas em dia... Porém, esta segunda-feira estou, anormalmente, mais cansado que o habitual. Sábado e Domingo foram dias de mudança. Acartar a tralha toda do 3º andar foi duro. Estou todo roto mas já estou na casa nova. Estão todos convidados a visitar-me. Para quem não sabe onde é: Depois de passar a Tasca avancem 50 m no sentido sul, estacionem em frente ao snack bar Lagoa, atravessem a estrada na passadeira em frente à paragem, procurem a Ala 2 e o andar 1º direito.

23 fevereiro, 2007

Masculino vs Feminino

Escrever o ultimo post fez levantar-se-me a dúvida: devo dizer uma roullote ou um roullote? Há imensas palavras que vejo ser umas vezes tratadas como substantivo masculino e outras como feminino. Fico na dúvida! Eis algumas

O auto-estrada / A auto-estrada - Eu diria A auto-estrada porque estrada é feminino.

Um Hamburguer/Uma Hamburguer-Eu diria Um Hamburguer ou ainda melhor Um Hamburgo

Um Marlboro / Uma Marlboro - Eu sempre disse UM porque é um maço.

Alguém disposto a esclarecer-me? Alguém conhece mais?

Eu coração roullotes (este titulo pretende ter piada)

Ainda não visito a cidade com a regularidade que gostaria. Aliás esse facto é facilmente constatável pela desarrumação que encontram.
Estou satisfeito com o meu regresso à salsicharia... MERDA, sou mesmo um nostálgico. Sempre achei a nostalgia um pouco deprimente...e daí? Afinal sou português (não por opção) e os portugueses são um povo deprimido num país deprimente. That's what Fado is all about.
Passando para um plano menos filosófico quero escrever-vos que a pior coisa que me podiam ter feito nos últimos tempos foi estacionar uma roullote que vende hamburguers e cachorros mesmo à porta da tasca. Mas porque raio é que o fulano tem de lá estar até quase de manhã? Ele não sabe que eu também preciso de dormir e que não posso ficar toda a noite a entornar médias?
Não há estabelecimento comercial como uma roullote. Nem bares, nem discos... Melhor só mesmo a tasca do Sheriff.
A falta ou mesmo ausencia higiene (dito assim parece muito mau mas há restaurantes piores), as especialidades gastronómicas (sobretudo o cachorrão com batata palha, ou o hamburguer ainda mais especial com dezenas de ingredientes), a musica de má qualidade sobreposta ao som excessivamente alto da tv e as conversas de café até às cinco da matina fazem destes estabelecimentos, que se supõem itinerantes, a minha eleição.
Acerca das conversas fica só aqui uma para aguçar o apetite:
Sheriff Esteves - Boa noite!
Carlitos da Roullote - Boa noite Sheriff (estendendo-me uma super bock)
Sheriff - Está fraco hoje?
Carlitos - Um bocado. Ouve lá ainda estás lá na Salsicharia?
Sheriff - Estou de novo na salsicharia, assim é que é. Porquê?
Carlitos - Ah pois. Não me consegues trazer umas salsichas de lá?
Sheriff - Trago pois, mas que salsichas é que queres?
Carlitos - Daquelas grandes, Bull Dog!
Sheriff - Bull Dog? Hot Dog queres tu dizer...
Carlitos - Não, não é dessas! É daquelas grandes. BULL DOG!
Sheriff - Está bem Carlitos eu trago.
(Comecei a fornecer Salsichas Hot Dog ao carlitos, espero que um cliente mais exigente não repare que não são bull dog)

08 fevereiro, 2007

Mercado de Inverno

Num momento conturbado da minha vida, no qual muitas (talvez uma vez mais demasiadas) revoluções tiveram e estão a ter lugar, decidi abandonar o meu anterior clube e voltar ao clube que me lançou na super liga. Ou seja, o sheriff já não é site manager e voltou a colaborar com a salsicharia. O regresso do filho pródigo dirão uns, um completo disparate opinarão outros, mas neste momento apresenta-se como a melhor solução para a estabilidade finaceira e emocional na minha vida.
Escusado será dizer que a ausencia da cidade se deve a esse mesmo periodo dificil que vivo mas creio que vou, a partir de hoje, ter condições para visita-la mais vezes. O meu agradecimento aos que notaram o abandono e se interessaram.