Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

31 janeiro, 2006

Todos os Rockers ao fumaça!


Proximo sabado é marcar presença na estação maria fumaça para despejar uns canecos e ouvir estes senhores.

30 janeiro, 2006

Obrigado mãe Natureza!

Ontem nevou em quase todo o Portugal. Um acontecimento rarissimo. Aqui na zona Lisboa é preciso contar mais de cinco décadas para lembrar um dia igual.
A principio o júbilo das pessoas em geral agradou-me. Exultei com a magnificência da natureza, com a sua beleza até nos pormenores mais simples, com o seu poder de reduzir o homem à sua infima insignificancia.
Depois, começou a loucura. A romaria às zonas mais altas, os atropelos, a busca desenfreada dum pedaço coberto de neve. Aí lembrei-me que é sempre assim. É com este espirito que a humanidade sempre convive com a natureza, estropiando-a o maximo que consegue. Felizmente a neve cairá de novo noutro pedaço do mundo e , infelizmente, a avidez com que a sociedade de consumo asfixia o planeta manter-se-á, quer seja disputando o prazer de escorregar na neve quer seja dilacerando as entranhas do globo em busca de mais minérios.
Eu fiquei grato, pois o meu dia de trabalho foi mais belo e vou recordá-lo para sempre.

25 janeiro, 2006

Naquele belo país onde os mudos gritam e os reformados têm de trabalhar.

Segundo os vizinhos do casal de surdos-mudos(...) o crime terá ocorrido pelas 07h00, hora em que se ouviu uma discussão. in correio da manhã 25/01/2006.

So ja não consegui rir porque na primeira pagina vinha o montante que o novo presidente da republica ganha de reforma do Banco de Portugal.

24 janeiro, 2006

O sábio, o aprendiz e a poção mágica - Histórias de uma cidade

Naquela cidade havia um homem de idade avançada e conhecimentos vastos. Era notado pela sua inteligência mas sobretudo pela sua capacidade de memorizar o conhecimento. Como já estava a ficar velho decidiu entregar o seu legado. Como não tinha descendencia aperfilhou um menino de rua. Procurou o mais vivaço, acolheu-o, deu-lhe carinho, alimentou-o e acima de tudo ensinou-o. O menino aprendeu a matemática de Pitagoras e Descartes; a fisica de Newton e Einstein; a quimica de Lavoisier e Mendeleev; descobriu a origem do mundo com Darwin; viu os astros como Galileu; aprendeu a falar inglês com Shakespeare; filosofou como Platão e Kant; debateu-se de ideais politicos com Karl Max; desafiou a arquitectura de Rafael.
O menino estava maravilhado com as portas que lhe abriam. Um dia o sábio encontrou-o triste. Aparentemente o menino sentia-se incapaz de armazenar mais conhecimento. O ancião estendeu-lhe um caldo quente e explicou-lhe: Esta é uma poção mágica. Não mágica do ponto de vista sobrenatural mas uma poção medicinal mágica. Permitirá que o teu cérebro fique ávido de saber e não conhecerás limites para o teu conhecimento. Ensinar-te-ei a fazê-la. Precisamos de uma folha de uma planta rarissima da qual apenas tenho conhecimento de um único pé.
O menino era agora feliz. Tomava a poção e aumentava o seu saber. Recitava poetas de cor, conhecia todos os textos sagrados de todas as religiões, conhecia a história de todos os mundos, sabia identificar todas as espécies, calculava mentalmente o mais dificil problema da fisica ou da matematica.
Começou a frequentar as festas da alta sociedade para as quais era muito solicitado. Maravilhava as jovens com a demonstração da sua sabedoria. Ele exibia-se e sentia-se vaidoso.
De dia para dia aumentava a sua obsessão pelo saber e sem dar conta consumiu a planta ate à sua ultima raiz.
A partir desse dia e sem a ajuda da poção não conseguiu nunca mais aumentar o seu conhecimento. O sábio agastado pela idade e infeliz com o sucedido desistiu de lutar pela vida. Toda a dedicação de uma vida centenária destruida pela vaidade e pelo egocentrismo. Ele que tinha confiado o seu legado da mesma forma que os antepassados lhe haviam deixado via agora o fim. Suspirou triste antes de morrer.
Revoltado com a sua imprudencia o menino, agora homem, usou das suas influencias junto da alta sociedade para obter o maximo de papel e tintas possivel. Foram dizimadas florestas, multiplicaram-se as plantações de canhamo para que nunca lhe faltasse esse precioso bem. Passou o resto da sua vida registando no papel todos os conhecimentos que tinha obtido para que todos pudessem aceder a ele. Quando completou o indice de tão vasta biblioteca escreveu: Desprezo o poder do conhecimento para a humanidade quando usado com cega ambição e vaidade.

23 janeiro, 2006

Não voto e a minha consciência está tranquila

Este Post não estava planeado. Acontece que de visita ao blog blogotinha consegui-me ainda rir um bocado com o post Dedicação Patriótica. Resumindo em poucas palavras o post apresenta umas quantas maneiras bem originais de "boicotar" o voto. Parte dos comentaristas indignou-se, porque votar é coisa séria e não se brincam com as coisas sérias.
Eu nasci em 1978. Não pude escolher a minha nacionalidade nem a minha pátria. Fizeram de mim católico baptizado sem questionarem a minha convicção religiosa. Impingiram-me uma história com centenas de anos de guerra, conquistas, colonialização e escravatura e mandaram-me orgulhar dela. Disseram-me que pertencia a uma espécie que vivia da exploração do homem e dos recursos do planeta e que ainda era minha obrigação reproduzir-me assegurando a sua sobrevivência (Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem - resumia-se assim quatro verbos uma existência que teima em não fazer sentido). Colocaram barreiras à minha sexualidade não fosse eu ter comportamentos desviantes. Inseriram-me no serviço miltar obrigatório alheados do facto de convictamente eu ser um pacifista. Por fim obrigaram-me a fazer parte da sua democracia concedendo-me o direito (aliás dever) de ser recenseado e votar.
Mas as leis e as regras valem o que valem. O que me preocupa é a moralidade dos actos. Não a moral dos filósofos ou dos teólogos mas a obrigação de agir perante os outros da mesma forma que exijo que ajam comigo. Votar, participar no dever civico, é participar na eleição de uma elite cujas escolhas serão as minhas. Ainda que não seja eleito o candidato que se apoia, votar é aceitar o sistema tal como está. Em suma seria renunciar às minhas convicções em favor da opinião maioritária. Nunca o farei!
Não me venham falar das dezenas de anos de ditadura e da conquista da liberdade porque não sei do que estão a falar. Salazar foi-me apresentado como o bicho mau dos livros de história mas ainda oiço nas conversas de barbeiro a bela expressão: Se Salazar fosse vivo! Não entendo que os mesmos que foram capazes de travar uma guerra contra a auto-determinação de vários povos e culturas não tivessem audácia para travar a luta pela sua própria liberdade. Como já disse nasci em 1978 e repeito as vossas lutas com o direito que me assiste às minhas reservas. Não aceito é que apontem as vossas frustrações às gerações que não viveram antes de 74. Acima de tudo, não me venham dar lições de moral. O mundo, tal como é, tem mais obra vossa que minha. Poderia ser melhor mas os vossos votos não têm feito grande coisa, pois não.

22 janeiro, 2006

Revolta de Haymarket

Como a minha amiga Katherine pediu mais informação sobre a gravura que ilustra a cidade sem lei ca vai:

A Revolta de Haymarket aconteceu no dia 4 de maio em 1886 na cidade de Chicago, Illinois, e é considerada uma das origens das comemorações internacionais do "1º de Maio".

Mais informação em:http://en.wikipedia.org/wiki/Haymarket_Riot (em inglês).

ACABOU O CIRCO, VEM AÍ O CAVACO

Hoje os portugueses vão eleger cavaco silva para presidente da republica. Voces vão estranhar as proximas linhas mas eu vou escrevê-las. Ainda bem! Porque vocês merecem o cavaco. Sim senhor. Vocês merecem levar com ele. Sim vizinho, tu mereces levar com o cavaco. Sim amigo, tu mereces levar o cavaco. Porque quando te exigirem que te sacrifiques por uma causa maior vais-te refugiar nas tuas pseudo-convicções e vais sempre olhar a democracia como um mal menor. Cavaco, coisa nunca vista, vai vencer na primeira volta. Onde está a geração rasca que gritou contra ferreira leite? Onde esta o buzinão da ponte? Onde estão os operários da marinha grande?
Cavaco salvador da pátria volta! Estás perdoado. A carneirada apoia-te

16 janeiro, 2006

Porque o homem sonha (Homenagem a Thierry Sabine [1949-1986])

Ainda que não seja grande adepto dos desportos motorizados nem do todo o terreno não posso ficar indiferente ao rally que ontem terminou em Dacar. Apesar da grande máquina de marketing que envolve o evento, o rally Lisboa-Dacar é aventura na verdadeira acepção da palavra. É um desafio ao homem, desafio que alguns aceitam sabendo o risco elevado de não terminarem a empresa com vida.
Para o bem ou para o mal, foi o espirito aventureiro da espécie humana moderna que uniu os continentes que a natureza tentou separar. O Dacar e o seu mentor, Thierry Sabine, personificam esse espirito. Segundo reza a lenda Sabine idealizou o Dacar quando, em 1977, se perdeu no deserto Libio durante o rally Abdijan-Nice. No ano seguinte sairia a primeira edição do Dacar de Paris. Sabine sacrificou o resto da sua vida dedicando-a ao rally. Morreria em 1986 numa acidente de helicoptero durante uma tempestade de areia tentando resgatar participantes tresmalhados.
A história conheceu, desde sempre, dois tipos de sonhadores: Os, que como Sabine, têm um sonho pelo qual estão dispostos a morrer e os outros que estão dispostos a que a humanidade morra pelo seu sonho. Aos primeiros concedo o estatuto de verdadeiros mártires (ou heróis se preferirem). Muitos são os que sacrificaram a vida, pagando ou não com a morte, para que a espécie humana atingisse um patamar de excelência cada vez maior. Contrariando esta tendencia continuam os senhores que mantêm os instintos animalescos fortemente vincados e destroem o planeta a toda a escala ambicionando poder, território e dominância. São estes os verdadeiros tiranos que se comportam como um macho dominante numa comunidade de felinos. Defendem o seu território, exercem o poder, exploram os restantes membros. Sacrificam todos em prol do seu sonho. Se estes usassem a sua força e ambição em beneficio de toda a espécie obteriam mais vantagens não só para eles como para os seus semelhantes. A excelência da humanidade enquanto espécie passa por aí. A questão da sobrevivência de uma espécie em relação ao meio ou às outras espécies é menor quando essa espécie se auto destrói diariamente.
Um dia, quando a humanidade entender a irracionalidade das disputas que trava entre si, talvez seja ja tarde demais. Nessa altura recordar-se-ão os mártires, como Sabine e outros, que viveram e sacrificaram a vida a realizar o sonho de uma vida.

10 janeiro, 2006

Fim do Tabu

Para evitar demais especulações que fique bem claro que a cidade sem lei apoia o candidato Vieira nas próximas eleições presidenciais.
Não faças besteira, vota vieira
Informa-te sobre o candidato Vieira em http://www.vieira2006.com

09 janeiro, 2006

Não sou Ateniense nem Grego e não compro 560

A primeira pessoa que me falou no movimento 560 foi um antigo chefe meu. O seu nacionalismo, ainda que moderado (porque nestas coisas dá sempre jeito ser moderado), não era novidade. Não me interessei muito pelo caso. Recentemente andava em pujante navegação internáutica quando me volto a cruzar com o movimento 560. O que estes senhores sugerem é que se faça na selecção diária de compras a opção por produtos made in Portugal com o pretexto que essa deve ser a nossa contribuição para ajudar o país na retoma económica. Não contem comigo. Em primeiro lugar o meu patriotismo não vai além de exultar com um golito do Cristiano Ronaldo ao serviço da selecção das quinas. Depois não quero saber do bem estar dos homens do capital portugueses. Nem de outros países. Esse senhores se quisessem manter a economia do país em alta bastava-lhes honrar os compromissos fiscais a que são obrigados.
As grandes e médias empresas portuguesas que este movimento pretende ajudar fomentando a compra dos tais produtos 560 compram as matérias primas aos produtores portugueses? Dão apoio à investigação em Portugal? Preocupam-se com a formação e bem-estar da classe operária? Promovem o artista português? NÃO! Porque raio as coisas têm de começar, mais uma vez, por baixo? Eu não vou abdicar de beber uma perrier, comer um roquefort, calçar uns vans ou de comprar um produto espanhol mais barato para que os patrões deste país continuem a conduzir os seus mercedes ou para que o primeiro-ministro continue a esquiar nos Alpes.

07 janeiro, 2006

A Caixa Prateada - Histórias de uma cidade

Havia naquela cidade dois cidadãos. O cidadão curioso era um fanfarrão, um homem alegre e divertido. O outro, o cidadão discreto, era um homem de parcas palavras, bom e educado. O cidadão discreto fazia-se sempre acompanhar por uma caixa prateada, metálica, de forma cúbica. Jamais se separava dela. Ao cidadão curioso perseguia o desejo de conhecer o conteúdo de tão enigmática caixa. Certo dia, passava o homem curioso pela casa do discreto quando se deteve junto de uma das janelas. O homem discreto possuía uma bela mansão e bens e já ocorrera ao curioso que tudo se devia ao conteúdo da caixa prateada. Mirou dentro da casa e observou o cidadão discreto com a mão presa no interior da caixa. Olhou a sua expressão. Era um misto de dor e prazer. Um extase o qual nunca tinha visto, nem nas salas dos fumadores de ópio, nem nos bordéis que tanto frequentava. Naquele momento o homem desejou o interior daquela caixa e invejou o cidadão discreto. Ignorando o bom senso que vivamente o desaconselhava, o fanfarrão, uma noite, invadiu a privacidade do homem discreto. Durante a intrusão apropriou-se da caixa prateada. Correu loucamente até um lugar onde a escuridão era total. O seu coração palpitava de excitação. A adrenalina fervia nas veias. Procurou uma abertura na caixa mas sem sucesso. Fez esforços para descobrir o segredo daquele cofre, em vão. Na altura sentiu medo. Mas a vontade de conhecer o mistério que aquele cubo encerrava consumia-o por dentro.
As portas da serralharia ofereceram pouca resistência ao ombro do cavalheiro curioso. Serviu-se dos instrumentos para forçar o objecto. Já era manhã quando finalmente venceu. Um dos lados cedeu e enrolou-se como se fosse a tampa de uma embalagem de atum enlatado. O homem surprendeu-se com a pouca espessura da folha metálica de que era feita tão resistente caixa.
Assim que a abertura se tornou suficientemente larga saltou de dentro da caixa um verme, um animal que não conseguiu identificar. Não figurava semelhante criatura nos livros de zoologia, nem tão pouco nos de paleontologia e ainda menos nos de mitologia. Num ápice a criatura atacou o cidadão curioso. O parasita ferrou o homem e foram inuteis os esforços que este fez para se libertar. A dor era insuportável. O homem começou a ficar muito infeliz, invadido de uma tristeza medonha. De repente todas as boas memórias se evadiram do seu pensamento. O homem ficou ali, sem reacção ao mesmo tempo que a criatura se alimentava das suas memórias de felicidade. O homem definhava, o sentimento de tristeza aniquiliva-o lentamente. Antes de desfalecer um último pensamento lhe ocorreu. Amaldiçoou o dia em que ousou invadir a privacidade alheia e jurou não voltar a fazê-lo. Estava de tal forma determinado a não o fazer que entregou a vida naquele momento. Aquele pérfido animal ficou livre e continuou a espalhar a infelicidade na cidade. Sacrificaram-se virgens, usou-se a mais avançada das tecnologias, chamaram-se sacerdotes de todas as religiões mas nunca mais ninguém conseguiu encarcerar a besta. O homem discreto foi preso, as casas invadidas, as vidas devassadas para que outras especimens fossem eliminados. Naquele dia abriram-se as portas naquela cidade ao ódio, à mesquinhez, à inveja, à maldade. Todos os monstros que os cidadãos alimentavam na sua privacidade sairam para a rua e nada seria, nunca mais, como no passado.

És um Aster ou és um Rocker?


Embora não possa estar presente fisicamente não quero deixar de assinalar a passagem dos Rockers DIANA JONES & THE VIETNAM WHISKEY DANCERS pelo festival punk com chouriço, esta noite no Algueirão. Partam a loiça toda.

Cidade sem lei sugere:

05 janeiro, 2006

Porquê Paulo Coelho?

Acabei de ler os Onze Minutos de Paulo Coelho e continuo sem entender o fenómeno de popularidade que o rodeia. Afinal de contas é o autor de lingua portuguesa mais vendido no mundo, o que é um prémio maior do que, a meu ver, o nobel ou qualquer outro prémio instituido por uma minoria de intelectuais. No entanto não lhe reconheço mérito para que a sua escrita recolha tão numeroso número de apreciadores. Há um fenómeno no entanto engraçado. Parece que toda gente gosta de pelo menos um livro de Paulo Coelho. Aconselhado por uma amiga li o alquimista. Ela tinha acabado de o ler. Pensei logo à partida que não era livro para mim já que se tratava de uma ferverosa fã de Nicholas Sparks e quem me conhece sabe que não perco muito tempo com lamechices. A leitura confirmou as expectativas. Risquei desde logo o autor Brasileiro da minha biblioteca. Meses mais tarde Paulo Coelho surgiu numa conversa. Exprimi o meu desagrado pela leitura do alquimista e uma grande amiga, das que me devia conhecer, disse: "O alquimista? Não. Lê os Onze Minutos. É muito interessante, vais gostar". Arrisquei lê-lo mas não, não gostei. Apesar do tema ser, de facto, muito interessante e, ao que parece, os traços gerais da história se basearem em factos reais não passa de um romance de algibeira, daqueles que se vendiam nas tabacarias e quiosques misturados com as sopas de letras. Onze minutos poderia ser um livro de eleição. Se não forçasse o final feliz, copiado dos filmes de hollywood, que a protagonista tanto deseja que cheguei a pensar seria evitado. Se não faltasse erotismo e sensualidade nos relatos sexuais. Se não ficassem histórias penduradas, terminadas com um pequeno toque de magia indiciando falta de coragem para explorar os temas. Mas talvez seja eu, que não tenha a sensibilidade para reconhecer em Paulo Coelho a sua excepcionalidade. Ainda ontem numa conversa na internet, com uma portuguesa radicada em Belo Horizonte, surgiu Paulo Coelho. "Você começou pelo pior (fantastico como os portugueses ficam logo com sotaque quando vivem no Brasil e os brasileiros nunca o perdem quando vivem em Portugal). Esses livros são péssimos. Lê o Zahir." Ainda estou a tentar digerir como depois do Alquimista tive estômago para ler um livro completo de Paulo Coelho já alguém me está sugerir outro. Mas duvido encontrar na bibliografia de Paulo Coelho um livro que me cative. Não me enterneço com a espiritualidade e acho que essa é condição essencial para estar em sintonia com o carioca.
Há ainda outro aspecto que me inquieta neste Onze minutos. Tenho consciencia que Paulo Coelho encontra no universo feminino muitas leitoras. Curioso o à vontade com que ele neste livro fala de orgasmo, ponto G, de sexo/amor no feminino. Acho que é um desafio perigoso mas que ele aceita sem se amedrontar e dado o número de leitoras deve ter alguma sensibilidade. Ainda assim tinha curiosidade de reler este mesmo onze minutos reescrito por uma mulher. Talvez pela bibliotecária Heidi.
Perdoe-me o Paulo Coelho e os seus fãs mas desta e que o risquei mesmo.

02 janeiro, 2006

ANO NOVO (2000 & SEX)

O primeiro post de 2006. Estava dificil. Se calhar porque começo sempre o ano rabugento. Acho que em parte se deve à ressaca. A bem ver este ano o consumo de álcool foi bastante moderado e continuo rabugento.
Cabe agora fazer o balanço do ano transacto. Este ano é fácil. A nível pessoal, indiscutivelmente, o pior ano da minha vida. No prato positivo da balança a conclusão do secundário e comprei um carro novo, no lado negativo tudo o resto, numa vidinha cada vez mais comum e com cada vez menos objectivos a longo prazo. No plano nacional cada vez mais a consciência que vivo num pais de merda, governado por oportunistas e vigaristas, onde o fosso entre as classes sociais aumenta ao mesmo ritmo que o desemprego, em que se gastam milhões num tgv quando a população fora dos grandes centros urbanos não dispõe de um serviço de transporte público decente, onde se resolvem os problemas dos patrões às custas das regalias do proletariado, onde se fala do combate a evasão fiscal mas se mantém a intocabilidade dos grandes devedores. Podem-me chamar o que quiserem, pouco importa, mas a justiça social tem de obedecer à velhinha palavra de ordem "Ricos menos ricos, Pobres menos pobres". Mas, quem está disposto a abdicar de riqueza num país em que entre a novela da noite e mais um episódio da 1ª companhia rezas a deus para que ganhes o euromilhões?
A nível internacional tudo na mesma. Metade do mundo a desperdiçar recursos enquanto a outra metade definha com a escassez, guerras em nome duma religião que é a do poder e a contínua opressão por parte da espécie dominante a um planeta que teima em não sucumbir perante esta praga que é o ser humano. De és a Oés nada de novo portanto.
Mas o propósito maior deste post era assinalar que esta ano é o décimo aniversário daquele que terá sido o mais importante ano da minha vida - 1996. Foi o melhor. Por razões muito pouco intelectuais até. Por isso os meus votos, uma vez que termina o pior ano da minha vida e passa uma década do melhor, é que esta série de 10 anos se repita e que só em 2015 venha outro ano mau. Bom Ano.