Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

09 janeiro, 2006

Não sou Ateniense nem Grego e não compro 560

A primeira pessoa que me falou no movimento 560 foi um antigo chefe meu. O seu nacionalismo, ainda que moderado (porque nestas coisas dá sempre jeito ser moderado), não era novidade. Não me interessei muito pelo caso. Recentemente andava em pujante navegação internáutica quando me volto a cruzar com o movimento 560. O que estes senhores sugerem é que se faça na selecção diária de compras a opção por produtos made in Portugal com o pretexto que essa deve ser a nossa contribuição para ajudar o país na retoma económica. Não contem comigo. Em primeiro lugar o meu patriotismo não vai além de exultar com um golito do Cristiano Ronaldo ao serviço da selecção das quinas. Depois não quero saber do bem estar dos homens do capital portugueses. Nem de outros países. Esse senhores se quisessem manter a economia do país em alta bastava-lhes honrar os compromissos fiscais a que são obrigados.
As grandes e médias empresas portuguesas que este movimento pretende ajudar fomentando a compra dos tais produtos 560 compram as matérias primas aos produtores portugueses? Dão apoio à investigação em Portugal? Preocupam-se com a formação e bem-estar da classe operária? Promovem o artista português? NÃO! Porque raio as coisas têm de começar, mais uma vez, por baixo? Eu não vou abdicar de beber uma perrier, comer um roquefort, calçar uns vans ou de comprar um produto espanhol mais barato para que os patrões deste país continuem a conduzir os seus mercedes ou para que o primeiro-ministro continue a esquiar nos Alpes.

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