Acabei de ler os Onze Minutos de Paulo Coelho e continuo sem entender o fenómeno de popularidade que o rodeia. Afinal de contas é o autor de lingua portuguesa mais vendido no mundo, o que é um prémio maior do que, a meu ver, o nobel ou qualquer outro prémio instituido por uma minoria de intelectuais. No entanto não lhe reconheço mérito para que a sua escrita recolha tão numeroso número de apreciadores. Há um fenómeno no entanto engraçado. Parece que toda gente gosta de pelo menos um livro de Paulo Coelho. Aconselhado por uma amiga li o alquimista. Ela tinha acabado de o ler. Pensei logo à partida que não era livro para mim já que se tratava de uma ferverosa fã de Nicholas Sparks e quem me conhece sabe que não perco muito tempo com lamechices. A leitura confirmou as expectativas. Risquei desde logo o autor Brasileiro da minha biblioteca. Meses mais tarde Paulo Coelho surgiu numa conversa. Exprimi o meu desagrado pela leitura do alquimista e uma grande amiga, das que me devia conhecer, disse: "O alquimista? Não. Lê os Onze Minutos. É muito interessante, vais gostar". Arrisquei lê-lo mas não, não gostei. Apesar do tema ser, de facto, muito interessante e, ao que parece, os traços gerais da história se basearem em factos reais não passa de um romance de algibeira, daqueles que se vendiam nas tabacarias e quiosques misturados com as sopas de letras. Onze minutos poderia ser um livro de eleição. Se não forçasse o final feliz, copiado dos filmes de hollywood, que a protagonista tanto deseja que cheguei a pensar seria evitado. Se não faltasse erotismo e sensualidade nos relatos sexuais. Se não ficassem histórias penduradas, terminadas com um pequeno toque de magia indiciando falta de coragem para explorar os temas. Mas talvez seja eu, que não tenha a sensibilidade para reconhecer em Paulo Coelho a sua excepcionalidade. Ainda ontem numa conversa na internet, com uma portuguesa radicada em Belo Horizonte, surgiu Paulo Coelho. "Você começou pelo pior (fantastico como os portugueses ficam logo com sotaque quando vivem no Brasil e os brasileiros nunca o perdem quando vivem em Portugal). Esses livros são péssimos. Lê o Zahir." Ainda estou a tentar digerir como depois do Alquimista tive estômago para ler um livro completo de Paulo Coelho já alguém me está sugerir outro. Mas duvido encontrar na bibliografia de Paulo Coelho um livro que me cative. Não me enterneço com a espiritualidade e acho que essa é condição essencial para estar em sintonia com o carioca.
Há ainda outro aspecto que me inquieta neste Onze minutos. Tenho consciencia que Paulo Coelho encontra no universo feminino muitas leitoras. Curioso o à vontade com que ele neste livro fala de orgasmo, ponto G, de sexo/amor no feminino. Acho que é um desafio perigoso mas que ele aceita sem se amedrontar e dado o número de leitoras deve ter alguma sensibilidade. Ainda assim tinha curiosidade de reler este mesmo onze minutos reescrito por uma mulher. Talvez pela bibliotecária Heidi.
Perdoe-me o Paulo Coelho e os seus fãs mas desta e que o risquei mesmo.
3 comentários:
Acho que existe sim uma discriminção por parte de vc's portugues contra nosso autor.Mas acho que sem motivo aparente, sendo que nunca levantamos qualquer movimento contra autores portugues, muito pelo contrario oa adoramos...
Se houvesse discriminação nunca o leriamos cara amanda e nem ele venderia tanto por cá. Bem haja.
Estou contigo caríssimo Rodrigo. Obrigado por «linkares» o greendale ao teu blog repleto de interesse como não poderia deixar de ser. Cidade sem lei já mora nas verdes colinas. Obrigado mais uma vez. grande abraço ;)
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