Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

01 novembro, 2006

Um olho no Burro outro no cigano

Se aqui estivesse um rapaz que foi meu colega de escola quando acabei o 12º tinhamos já uma discussão. Ele diria: Atenção às expressões é preciso não generalizar. Mas o titulo aplica-se perfeitamente à situação como vão ver adiante.
Desde ontem que a minha vida profissional na tasca tem sido assolada por situações pouco usuais. Se eu fosse da opus day diria que andaria a ser tentado pelo mafarrico mas como perdi as minhas crenças algures no tempo o meu cepticismo não me deixa encará-las como mais do que frutos do acaso.
Para começar ontem, primeiro encontrei um envelope cheio de dinheiro e, segundo, uma das minhas colegas deixou uma saida de caixa fora do abrigo do cofre. Se nestas alturas não me viesse um assolo de honestidade, do qual desconheço a origem, teria metido ao bolso mais de 500 euros. A saida de caixa depositei-a no cofre. Aquela saida de caixa desaparecer seria o suficiente para ela ir para o olho da rua, começou ha meia duzia de dias e não está propriamente a causar uma excelente impressão. O dono do envelope entrou esbaforido pela tasca dentro a ser insultado pela companheira (nunca pensei que uma criatura tão pequena conseguisse fazer um escandalo tão grande), os dois completamente desaustinados. Não imaginam como o meu simples gesto de entregar envelope transformou aquela berraria num silencio muito calmo. Ás vezes dou por mim a desejar ser um pulha...
Hoje pensei: vai ser um dia calmo. Assim que cheguei o patrão começou logo com as coisas dele, que eu tinha gasto muitos sacos na noite anterior, e que não aponto as faltas, e que devia tentar impingir latas de óleo de 5lt porque as de 2lt estavam esgotadas. E não é que logo a seguir veio um fulano pedir uma lata de óleo de 2 lt. Passam dias sem vender uma lata de óleo... Nunca tiveram a sensação de estarem a ser seguidos? Escusado será dizer que não conseguio vender nada ao gajo. Logo a seguir um fulano perdeu uma nota de 5€. Pareceu-me ver outro cliente a "encontrá-la" mas não tinha a certeza e tive de me calar (é quando vejo estes gajos safarem-se melhor na vida que me dá vontade de ser um crápula). Então o gajo vira-se para mim a perguntar se eu não me tinha enganado a dar-lhe o troco. Eh pá! Tenham dó. Hoje é feriado, não basta ter de estar aqui ainda tenho que estar a levar com isto?
Começo a pensar que ando a ser testado. Parece que o cliente mistério do horizonte dois mil e qualquer coisa (programa da repsol que visa a excelencia no atendimento ao publico) está mais requintado.
Entretanto chega um bólide com uma familia de ciganos. Como devem calcular a lotação do automóvel está para lá de lotada. Dois casais a sua extensa prole. Metade do maralhal entra na loja e a tasca fica também de lotação esgotada. Deu-me um feeling de que ia haver merda. Não sei porquê. Recebo com a mesma humildade, simpatia e profissionalismo qualquer pessoa e não faço juizos de valor antecipadamente, mas algo me disse que iria acontecer alguma coisa. Não foi preciso esperar muito porque assim que entraram uma pirralha agarrou uma caixa de bolachas e arrancou porta fora. Disse ao gajo: Vou cobrar mais uma caixa de bolachas que a sua filha levou. O gajo começou a fazer-se desentendido, fez ar de indignado, perguntou à filha que negou peremptoriamente. Agora já era mais que um feeling. Tinha a certeza que ia haver merda. Insisti com o gajo e disse-lhe: Veja lá no carro se não tem lá uma caixa de bolachas. O gajo foi e pensei agora arranca e fico apeado mas vou fazer o que? PIOR! Deixou os familiares mais bem constituidos fisicamente para tras. Quando equacionava quais eram os cenarios possiveis para o desfecho da contenda vejo o gajo voltar com a caixa na mão e a dar tabefes na pirralha. Fez o papel dele que não tinha visto nada, pediu desculpa, distribuiu mais um par de estalos à filha. Por fim comprou as bolachas e seguiram viajem. Espero que agora, durante a segunda metade do trabalho, a malta fique em casa a ver a bola e eu tenha uma noite mais tranquila.

3 comentários:

apontinho disse...

Possa!!! Que dia sherif!!!
Ele á coisas realmente e faz-se juz aos ditado, uma merda nunca vem só!!! A palavra certa é azar , mas acho que não a vou aplicar aqui!!! Não vá o diabo tecelas e pimba!!!
Outra coisa... um sherif com "assolo de honestidade.." Ainda á esperança para o mundo então!!!
bjs

Trilby disse...

Sheriff, não te preocupes, é do tempo. E a honestidade é uma coisa de família, a gente não tem culpa, metem-nos coisas na cabeça desde pequeninos...

Anderson disse...



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