Havia naquela cidade um homem muito simples. Uma cara igual a tantas outras num corpo magro e esguio. Era um homem de familia e sem vicios. Todas as manhãs o despertador tocava, cedo. Num ápice o corpo enfezado saltava da cama, cantarolava enquanto se barbeava e seguia na sua bicicleta para o trabalho. Todos os dias a mesma rotina, os mesmos rituais. Um dia, porém, decidiu atravessar um atalho pelo interior do bosque. A meio do percurso, na margem do ribeiro, encontrou a mais bela das orquideas. A flor mais linda que ja havia visto. Reconheceu-a dos livros de escola, aquela orquidea selvagem, a flor proibida. Ficou ali, contemplando-a. Pela primeira vez chegou atrasado ao trabalho. Inventou um furo no pneu do velocipede para justificar. A sua assiduidade e pontualidade habitual foram suficientes para que o empregador de pronto o desculpasse. No regresso voltou pelo bosque e viu o sol pôr-se atrás das árvores iluminando a orquidea de uma forma sublime. Quando chegou a casa ja o jantar tinha sido servido. Desde aquele dia que passou a contemplar a orquidea todos os dias. A caminho do trabalho, no regresso a casa, na pausa do almoço. De noite, escapava-se de casa para dormir junto à flor. Temia por ela. Em segredo regou-a, protegeu-a do frio extremo e do sol tórrido, adubou-a.
Aconteceu um dia, a chuva forte e o vento ameaçavam destruir a bela flor selvagem. Ficou ali protegendo-a, porque a amava, era a sua obsessão. Durante uma semana a tempestade fustigou o bosque dia e noite. Ele ficou ali, resistiu ao frio, à fome e à sede e salvou a sua flor da destruição. Sem justificação, quer em casa quer no emprego, para tão longa ausência revelou a verdade. Perdeu o emprego, perdeu a mulher, os filhos nunca mais lhe chamaram pai, a justiça condenou-o. Nunca se mostrou arrependido e em cativeiro reproduziu milhares de imagens da proibida orquidea. Ainda hoje quem visita a antiga prisão da cidade se apaixona pelas imagens daquelas paredes.
Aconteceu um dia, a chuva forte e o vento ameaçavam destruir a bela flor selvagem. Ficou ali protegendo-a, porque a amava, era a sua obsessão. Durante uma semana a tempestade fustigou o bosque dia e noite. Ele ficou ali, resistiu ao frio, à fome e à sede e salvou a sua flor da destruição. Sem justificação, quer em casa quer no emprego, para tão longa ausência revelou a verdade. Perdeu o emprego, perdeu a mulher, os filhos nunca mais lhe chamaram pai, a justiça condenou-o. Nunca se mostrou arrependido e em cativeiro reproduziu milhares de imagens da proibida orquidea. Ainda hoje quem visita a antiga prisão da cidade se apaixona pelas imagens daquelas paredes.
5 comentários:
O crime com pensa com paixão
Eu penso com o Tico e com o Teco...
Algumas semelhanças ou engano meu?
Pssso saber quem será essa orquídea?
No fundo todos nós temos as nossas orquideas...
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