Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

12 maio, 2006

O menino e o cachorro - Histórias de uma cidade

Havia um menino, naquela cidade, filho de pais abastados, que tinha tudo o que queria. Certo dia, encontrou um rafeiro na rua. Brincaram todo o dia. Chegada a noite rumaram a casa do menino que exigiu ficar com ele. Os pais, apesar de contrariados, acederam. Durante semanas o menino brincou com o cachorro, eram inseparáveis. Esqueceu todos os brinquedos que tinha. Só brincar como o cão lhe dava prazer. Os pais acenavam-lhe com outros brinquedos mas o menino era apaixonado pelo cãozinho. Naquele natal, os pais ofereceram-lhe um cão robot, invenção dos japoneses, é claro. Não é que não gostassem do cachorro mas o cão-máquina trazia vantagens. Não comia, não bebia, não sujava, só latia quando ordenado para tal. A principio o menino ficou maravilhado com a maquina. Explorou ao maximo as capacidades do robot. Entusiasmou-se de tal modo que esqueceu o seu fiel amigo. Os pais aproveitaram e entregaram o cachorro no canil. Passados meses o menino andava triste, com um sentimento de vazio que não sabia explicar. Nem o cão-maquina era ja capaz de lhe despertar interesse. Foi ao regressar da escola que viu o seu cachorro. De repente entendeu porque estava triste. Sentia saudade daquele amigo, dos tempos que passaram juntos. Momentos que o cão maquina nunca lhe proporcionou. Momentos de amizade pura e sincera que não estavam programados em nenhum chip. Correu para o cachorro. No entanto acabou por se deter porque o animal rosnou-lhe quando ele o tentava abraçar. O menino afastou-se triste e ficou só, fingindo ter no robot a amizade do seu cachorro. Enquanto o menino fingia uma felicidade artificial o cachorro encontrou um novo dono, um menino pobre, que não tinha brinquedos. O cachorro pouco comia e nem tinha abrigo para morar, mas vivia feliz partilhando a refeição e a cama do dono.

3 comentários:

paperdoll disse...

o cão rosnou-lhe? yah, não deve ter esquecido a traição do robot...
hmm.. essa história tem uma moral?
não aceites boleia de estranhos.
ou..
pobre e mal agradecido?
ou..
pobre de dinheiro, mas rico de espírito! :p
já sei: mais vale um cão na mão do que dois robots a voar:p

kidding * * * * * *

Trilby disse...

Fez-me lembrar as histórias que o meu pai mecontava quando eu era menina.

Over disse...

O pessoal não te leva a serio pá...mas infelizmente isto é uma realidade não muito longíqua...