Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça.

18 fevereiro, 2006

Este Post é nostálgico

Não sou muito dado a poesias. Até porque sinto que a vida avança ao ritmo da prosa. No entanto a conjectura dos últimos dias levou-me a publicar um poema. Não um poema qualquer.
O meu pc está com problemas pelo que me vejo obrigado a procurar alternativas. Aqui em casa da minha progenitora encontrei um caderno. Em dois volumes compila poemas que escrevi na adolescencia. Cá vai um.

Planeta Ópio

A tocata soou,
E saio de refugio que a noite acolheu
Encharco-me num vaso de breu
E enfrento a realidade exterior
Uma branca para aquecer o motor...
Acelero!
O crepúsculo aguarda-me,
O gigante tarda,
Acendo um "nininho"
Que me acompanha o caminho,
Sirenes e Pirilampos ladeiam o meu percurso.
Consumo-me entre paredes fluorescentes,
Respiro ofegante,
O gigante aguarda,
Chama-me com os seus roncos potentes.
Avisto o abrigo distante
Mas não me recolho,
Não sem antes mergulhar na fermentação dourada.
Estou zonzo,
Sinto um rombo frontal
Efervescencia paracetamal,
Estimulação televisiva,
Intercomunicação sexual,
Estímulo acetilsalicilico;
Realidade atordoada.
Inspiro profundo, urino,
Deleito-me prazenteiramente
Num vaso de leite escocês,
Dou erecções a deus
Pilulas anestesicas me dês,
Ritual final...
Até que a tocata se faça ouvir de novo.

18-02-1997





4 comentários:

Anónimo disse...

Lembro-me bem... Tinhamos a mania que eramos poetas....
E bem no fundo todos somos poetas!!!

Lá vai um dos meus:

"Menace to sobriety"

Drunk by the wine of sobriety
I wonder about reality

People dying...
Children crying...
Pain... Horror...
A world of terror!

Wondering why people live
Wondering why people die
Tears I can not give!

The reality's our to live
Some in love...
Some in sorrow...

... my hapiness I can only borrow

Drunk but not blind
A solution I search
But a solution I can not find

Alxarife disse...

Como um poeta,
Deposito manchas negras
Numa folha de papel.
Podem não fazer sentido,
Mas são o espelho das experiências
Que tenho vivido.
E a minha vida não faz sentido.
(Como pode fazer sentido?)
E mesmo que fizesse,
Alguém compreenderia?
O que eu escrevesse?
Como um poeta,
Continuo a escrever
Palavras ao acaso,
Aleatoriamente agrupadas
Deficientemente pontuadas.
Mas mesmo assim, apesar de tudo,
Elas exprimem o que eu sinto,
o que eu sofro.
Se eu fosse poeta,
Criaria obras de arte,
Iniciaria um estilo,
Inscrevia o meu nome
Numa galeria de notáveis.
Mas como não sou poeta...
Apenas, ocasionalmente,
Depositos mais umas manchas no papel...
Manchas Negras!

15-10-97

Anónimo disse...

Lindo!!!!!! Por isso gosto de ti.... tanto q m dizem essas manchas...

Anónimo disse...

Nao mais escrevi... fez-me mais mal q bem passar sentimentos para papel... hj em dia guardo-os para mim... bem escondidos ... tranquei-os com uma chave q nao me lembro onde guardei, nem m quero lembrar... vivo um dia d cada vez.... sempre a olhar para a frente... nao me esqueço do q senti... simplesmente nao o digo a ninguem...


Mas la vai um antigo....


"TORMENTO"

SEM SE FAZER SENTIR
O TEMPO PASSA POR MIM
LENTAMENTE...
CAMINHANDO PARA O FIM
MAS O QUE É O FIM?
DUVIDA ATORMENTADORA
QUE ATORMENTA O MEU SER
SEM RESPOSTA AO MEU MEDO
CONTINUO A VIVER
VIDA DE DOR...
ALEGRIAS E AMOR
VIDA QUE PASSA
QUE PASSA POR MIM
LENTAMENTE...
CAMINHANDO PARA O FIM!